Tuesday, January 7, 2025

INFÂNCIA, TEMPO LIVRE E LUDICIDADE


Número Temático (6) 'CADERNOS DE SOCIOLOGIA' ISUP

 

Brincar com balões, berlindes, bolas de sabão e tudo o que estiver à mão.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (...) Sinónimo de atividade curricular, extracurricular ou de enriquecimento curricular, o Tempo Livre, parece ter de livre somente o nome. Contribuem para explicar o que se passa hoje com o jogo e com a atividade lúdica no tempo livre as novas condições de vida ligadas à evolução sociológica e rápida da(s) família(s), que já não têm tempo, nem gosto pelo jogo lúdico; as condições de vida nos diferentes territórios que afetam, marcam e condicionam o uso do espaço; as condições laborais dos pais e encarregados de educação; a sociedade de consumo que transforma o jogo e os brinquedos em produtos de marketing lucrativos; as classes sociais de pertença, que condicionam as condições de socialização (Périno, 2006; Lahire, 2019).

 Neste número dos Cadernos de Sociologia, propomos alargar a nossa força argumentativa sobre a necessidade de se considerar as práticas de tempo livre num quadro lúdico que respeite a infância e as suas circunstâncias. Pretende-se contribuir para a reflexão sobre a necessidade de inverter as condições de usufruto do tempo, valorizando a ‘conversa’, nos espaços de acolhimento para crianças: escolas, jardins de infância, centros de atividades de tempos livres (ATL), ludotecas, entre tantos outros. Esta é uma publicação que, esperamos, possa ajudar a desconstruir os conceitos e ideias feitas sobre infância, o tempo livre e a ludicidade, mobilizando a atenção das diferentes pessoas que têm à sua responsabilidade crianças e jovens, nos inúmeros projetos, que constantemente surgem como contribuições de ‘ocupação de tempos livres’.


https://ojs.letras.up.pt/index.php/Cadernos-ISUP_1/issue/view/932


Texto em: Araújo, M. J. Barbosa, I. (2024). INFÂNCIA, TEMPO LIVRE E LUDICIDADE. Cadernos IS-UP, (6). Obtido de https://ojs.letras.up.pt/index.php/Cadernos-ISUP_1/article/view/14715 




Monday, December 30, 2024

Práticas Profissionais, Tempo Livre e Saúde Ocupacional

Acaba de sair o número 9(2) da Revista EstreiaDiálogos.

Um número dedicado às Práticas Profissionais, Tempo Livre e Saúde Ocupacional

 

Ser livre é ser autodeterminado, dizia Kant, lembrando que o sujeito é sempre livre, apesar de viver acorrentado em mundos divididos e distintos. Na convicção de que a Investigação-Ação Participativa permite aventuras, revelações e transformações por esses mundos, propomos aos leitores narrativas de Práticas Profissionais, Tempo Livre e Saúde Ocupacional que não são somente um transmissor obediente do significado da investigação, mas antes nos questionam sobre a nossa identidade pessoal, social e cultural. Neste desígnio, parece necessário um conhecimento que ajude a compreender que os tempos em educação não se remetem à escolarização e nem somente à prática em sala de aula, mas também às relações e performances artísticas, de sociabilidade e solidariedade com a comunidade, em que coexistem diferentes atores e agentes ocioeducativos. Se o leitor recordar a sua própria educação, certamente se lembrará das horas de recreio, de convívio em encontros científicos, em concertos, no cinema, no teatro, numa exposição ou num museu e, assim, da imensa quantidade de aprendizagens que fez em tantos lugares outros, nos seus tempos livres (do Editorial)

 Acesso: https://www.estreiadialogos.com/c%C3%B3pia-estreiadi%C3%A1logos-n-%C2%BA-15

Wednesday, March 13, 2024

VIVER ENTRE DOIS MUNDOS : Reflexões sobre tempo livre e envelhecimento em três tópicos

 O aumento da esperança de vida é, muitas vezes, verbalizado de uma forma negativa como um drama, uma complicação... Envelhecimento e declínio andam a par em quase todos os discursos mediáticos, levando a pensar que ficar mais velho é negativo, é perder competitividade e recusar tudo o que é novo (Araújo, 2018). Desengane-se o leitor/a, já que os/as mais velhos/as são essenciais na vida das comunidades, preocupam-se com a evolução social, são atores de mudança através da sua implicação em movimentos associativos e sociais, voluntários em hospitais e outras instituições, são políticos e sindicalistas, cidadãos com grande peso eleitoral pela sua experiência de vida e muitas vezes cuidadores/as incansáveis (Deschavannne, 2010). A sua reputação de inativos/as ou pouco ativos/as – olhada a partir da idade –, configura um abuso de linguagem, na medida em que se generaliza para toda a população idosa, ignorando as especificidades pessoais e condições de vida de cada pessoa e o seu direito ao descanso, depois de uma vida de trabalho. Estas interrogações impõem que sublinhemos a importância de uma genealogia das formas assumidas pelos desejos do repouso, da tranquilidade, distração, evasão e aventura, de uma história que deixe de considerar negativas as formas de passividade e positivas as formas de atividade, por mais insignificantes que sejam, de uma história da velhice menos assustada com a improdutividade do tempo e da ociosidade (Corbin, 2001: 15). Aliás, o ócio não é não fazer nada, mas sim fazer muitas coisas diferentes daquelas que são reconhecidas pelas formulações dogmáticas da classe dominante (Stevenson: 2016). Pensar o usufruto do tempo e do espaço na velhice requer uma nova forma de pensar, sentir e agir em relação à idade e ao envelhecimento. Exige considerar acesa a chama do combate ao estereótipo, ao preconceito e à discriminação como é, aliás, proposto pela Organização Mundial de Saúde na Estratégia de Envelhecimento Saudável 2020-2030. (...)

Araújo, Maria José. "Educadores sociais". LAPLAGE EM REVISTA 6 3 (2020): 75-82. http://dx.doi.org/10.24115/s2446-6220202063934p.75-82.

Friday, December 8, 2023

Escola a Tempo Inteiro: se as crianças votassem a conversa seria outra!

 O programa da Escola a Tempo Inteiro (ETI) e a organização, nas escolas públicas, das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), criou um novo espaço público de educação que está, constantemente, a ser reequacionado pelos diferentes atores políticos. Trata-se de um espaço pensado pelo Ministério da Educação mas “gerido e operacionalizado” pelas autarquias. As Associações de Pais e Encarregados de Educação assim como, as Instituições Particulares de Solidariedade Social podem, também, em parceria concorrer ao programa. O seu desenvolvimento criou alguns constrangimentos; em primeiro lugar às crianças que viram o seu “tempo livre” ser invadido por atividades em tudo semelhantes às que já tinham na escola(s) durante o tempo letivo (o seu tempo “não livre”) e, em segundo lugar, às escolas e aos professores, que percecionam este programa, com inquietação, como mais uma responsabilidade. Estas duas questões estão interligadas na medida em que quem propõe é o Ministério da Educação e quem contrata os/as profissionais (professores/as, animadores, etc), para as diferentes áreas lúdico-expressivas e implementa as atividades são, normalmente, as autarquias. É uma teia de relações intrincada e deixa de lado aspetos relacionados com a vida e a cultura das crianças, mas não só. Deixa em aberto a questão da profissionalidade dos professores/as de música, artes plásticas, drama, língua gestual portuguesa, desporto, entre outros. Trata-se de contratações que são, geralmente, realizadas em função de uma possibilidade laboral, para cumprir as vagas de um programa pré-estabelecido, que tem sido rotinizado criando muitos constrangimentos na vida de uns e outros.



 i) Ocupação da componente letiva dos docentes em atividades de apoio ao estudo e supervisão das AEC; ii) valorização das áreas curriculares nucleares - português e matemática; iii) organização de atividades nas áreas de expressão e apoio ao estudo, no horário pós-letivo.

 

Educação artistica por molde

 

 
Susana Lopes

Um desenho já feito é um desenho com imposição de tema ou com um molde.
À criança resta somente a possibilidade de execução, reprodução. 
 
No entanto, não tem de ser assim. À criança pode e deve ser dada a oportunidade de criar os seus próprios desenhos. Basta criar as condições : espaço e materiais riscadores.
 
Na verdade, imaginemos um mundo (o nosso)  no qual as crianças têm acesso a uma verdadeira educação artistica desde o momento em que nascem. Nao recebem motes para  desenhos já feitos, nem temas para narrativas que estão na cabeça de outros, nem exercícios repetitivos e cópias que incitam à mera reprodução. (...) Um mundo em que as crianças despertam, em cada manhã, para a atividade criadora, para a partilha coletiva com seres humanos, animais e materiais naturais. 
Aprendem a negar a violência do antidiálogo, da opressão, da submissão a práticas educativas e programas que tanto as incomodam.
(...)
 
Todo o texto em:
Araújo, M.J; Monteiro, H. & Araújo, M. (2021). Vermelho Vivo. Edições Furar o Cerco
 
Pode ser adquirido na editora através do email: furarocerco@gmail.com 
ou enviando mensagem aos autores

Saturday, December 2, 2023

II Seminário Direito ao Tempo Livre, Lazer e Cultura na infância e juventude.



Realizou-se a 18 novembro 2023 o II Seminário Direito ao Tempo Livre, Lazer e Cultura na infância e juventude. Organizado pela Cooperativa de Ensino e Desenvolvimento da Ribeira Grande - A Ponte Norte, através da Rede Municipal dos CATL - Centros de Atividades de Tempos Livres, com o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande, este encontro juntou no Teatro Ribeiragrandense várias pessoas que desempenham diferentes papeis – de relevo – na vida das crianças da região.


 

O debate de ideias sobre o significado do usufruto do Tempo Livre – um tempo em que escolhemos o que fazemos – foi dinâmico, polémico, generoso e entusiasmado. Não faltaram, contudo, as perplexidades sobre as dificuldades de criar bem-estar para os mais novos.

Consideradas como cidadãos sob tutela, as crianças ficam dependentes dos adultos para fazer valer o seu direito a brincar, sobretudo ao ar livre como lembraram os participantes.

Na verdade, o paradigma dominante, no que concerne à organização de vida e do tempo das crianças, tem induzido a um aumento da pressão sobre elas, seja na Escola, em casa ou no ATL nomeadamente, prescrevendo e organizando atividades como os TPC. Mas os participantes de forma clara e assertiva não se deixam intimidar e declararam a sua solidariedade e vontade em fazer respeitar os direitos das crianças a brincar e dar opinião sobre as suas vidas. 

Apelando às metodologias participativas estes profissionais afirmaram- em voz bem alta - que a criança tem muito a dizer sobre os seus quotidianos. Ou seja, em vez de serem convidadas a conformar-se com a realidade, tal qual é, são convidadas a conhecer, a descobrir através da experiência lúdico-expressiva o que de melhor a vida tem para lhes dar.

Que bom foi participar neste Seminário, que bom é saber que a 'insubmissão' é uma possibilidade educativa!


 

INFÂNCIA, TEMPO LIVRE E LUDICIDADE

Número Temático (6) 'CADERNOS DE SOCIOLOGIA' ISUP   Brincar com balões, berlindes, bolas de sabão e tudo o que estiver à mão .      ...