Ideias de (anulação) de infância
Lembremos que infância não é apenas uma fase da vida biológica, nem se apresenta linguisticamente como tal. Qualifica-se frequentemente por “infantil” o comportamento irrefletido, a atuação insensata, escavando um fosso moral entre um comportamento “adulto”, que se encoraja independentemente da idade biológica, e uma atitude “infantil”, que se conota negativamente, para lá de qualquer critério etário. É, aliás, o cumprimento de uma sentença já etimologicamente traçada, quando constatamos que “infância”, na sua raiz latina, é originariamente o ser que não tinha acesso a linguagem, estando como tal condenado a não ter razão. Daí a aliança entre infância e silêncio, que nos possibilita denunciar uma injustiça que ainda se não venceu, mas que é ao mesmo tempo a chave para uma reabilitação
crítica já em curso. (…)