Friday, December 8, 2023

Escola a Tempo Inteiro: se as crianças votassem a conversa seria outra!

 O programa da Escola a Tempo Inteiro (ETI) e a organização, nas escolas públicas, das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), criou um novo espaço público de educação que está, constantemente, a ser reequacionado pelos diferentes atores políticos. Trata-se de um espaço pensado pelo Ministério da Educação mas “gerido e operacionalizado” pelas autarquias. As Associações de Pais e Encarregados de Educação assim como, as Instituições Particulares de Solidariedade Social podem, também, em parceria concorrer ao programa. O seu desenvolvimento criou alguns constrangimentos; em primeiro lugar às crianças que viram o seu “tempo livre” ser invadido por atividades em tudo semelhantes às que já tinham na escola(s) durante o tempo letivo (o seu tempo “não livre”) e, em segundo lugar, às escolas e aos professores, que percecionam este programa, com inquietação, como mais uma responsabilidade. Estas duas questões estão interligadas na medida em que quem propõe é o Ministério da Educação e quem contrata os/as profissionais (professores/as, animadores, etc), para as diferentes áreas lúdico-expressivas e implementa as atividades são, normalmente, as autarquias. É uma teia de relações intrincada e deixa de lado aspetos relacionados com a vida e a cultura das crianças, mas não só. Deixa em aberto a questão da profissionalidade dos professores/as de música, artes plásticas, drama, língua gestual portuguesa, desporto, entre outros. Trata-se de contratações que são, geralmente, realizadas em função de uma possibilidade laboral, para cumprir as vagas de um programa pré-estabelecido, que tem sido rotinizado criando muitos constrangimentos na vida de uns e outros.



 i) Ocupação da componente letiva dos docentes em atividades de apoio ao estudo e supervisão das AEC; ii) valorização das áreas curriculares nucleares - português e matemática; iii) organização de atividades nas áreas de expressão e apoio ao estudo, no horário pós-letivo.

 

Educação artistica por molde

 

 
Susana Lopes

Um desenho já feito é um desenho com imposição de tema ou com um molde.
À criança resta somente a possibilidade de execução, reprodução. 
 
No entanto, não tem de ser assim. À criança pode e deve ser dada a oportunidade de criar os seus próprios desenhos. Basta criar as condições : espaço e materiais riscadores.
 
Na verdade, imaginemos um mundo (o nosso)  no qual as crianças têm acesso a uma verdadeira educação artistica desde o momento em que nascem. Nao recebem motes para  desenhos já feitos, nem temas para narrativas que estão na cabeça de outros, nem exercícios repetitivos e cópias que incitam à mera reprodução. (...) Um mundo em que as crianças despertam, em cada manhã, para a atividade criadora, para a partilha coletiva com seres humanos, animais e materiais naturais. 
Aprendem a negar a violência do antidiálogo, da opressão, da submissão a práticas educativas e programas que tanto as incomodam.
(...)
 
Todo o texto em:
Araújo, M.J; Monteiro, H. & Araújo, M. (2021). Vermelho Vivo. Edições Furar o Cerco
 
Pode ser adquirido na editora através do email: furarocerco@gmail.com 
ou enviando mensagem aos autores

Saturday, December 2, 2023

II Seminário Direito ao Tempo Livre, Lazer e Cultura na infância e juventude.



Realizou-se a 18 novembro 2023 o II Seminário Direito ao Tempo Livre, Lazer e Cultura na infância e juventude. Organizado pela Cooperativa de Ensino e Desenvolvimento da Ribeira Grande - A Ponte Norte, através da Rede Municipal dos CATL - Centros de Atividades de Tempos Livres, com o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande, este encontro juntou no Teatro Ribeiragrandense várias pessoas que desempenham diferentes papeis – de relevo – na vida das crianças da região.


 

O debate de ideias sobre o significado do usufruto do Tempo Livre – um tempo em que escolhemos o que fazemos – foi dinâmico, polémico, generoso e entusiasmado. Não faltaram, contudo, as perplexidades sobre as dificuldades de criar bem-estar para os mais novos.

Consideradas como cidadãos sob tutela, as crianças ficam dependentes dos adultos para fazer valer o seu direito a brincar, sobretudo ao ar livre como lembraram os participantes.

Na verdade, o paradigma dominante, no que concerne à organização de vida e do tempo das crianças, tem induzido a um aumento da pressão sobre elas, seja na Escola, em casa ou no ATL nomeadamente, prescrevendo e organizando atividades como os TPC. Mas os participantes de forma clara e assertiva não se deixam intimidar e declararam a sua solidariedade e vontade em fazer respeitar os direitos das crianças a brincar e dar opinião sobre as suas vidas. 

Apelando às metodologias participativas estes profissionais afirmaram- em voz bem alta - que a criança tem muito a dizer sobre os seus quotidianos. Ou seja, em vez de serem convidadas a conformar-se com a realidade, tal qual é, são convidadas a conhecer, a descobrir através da experiência lúdico-expressiva o que de melhor a vida tem para lhes dar.

Que bom foi participar neste Seminário, que bom é saber que a 'insubmissão' é uma possibilidade educativa!


 

I SEMINÁRIO OS SENTIDOS DO TRABALHO ACADÉMICO

 I Seminário do G.A.T.A. – Os sentidos do trabalho académico tem como principal finalidade a partilha e a valorização dos trabalhos académicos realizados por estudantes da ESE P Porto, no contexto das unidades curriculares (UC) das Licenciaturas ou dos Mestrados.

 5 e 6 de dezembro de 2023  

Local : ESE P. Porto 
Escola Superior de Educação do P.Porto
Rua Roberto Frias
Porto

Mais informações em: https://gata.ese.ipp.pt/?page_id=952

Saturday, October 21, 2023

Diálogos Educativos

 Acaba de sair o livro


Contributos para a formação inicial de professores
 e educadores de infância, a partir de
 experiências pedagógico-profissionais

Maria José Araújo, Pedro Duarte e Carina Coelho (Orgs) 
 
Uma edição da ESE P. Porto
 
Está disponivel em formato E-book 
 
Também pode ser solicitado para: mjosearaujo@gmail.com


Wednesday, June 14, 2023

AS CRIANÇAS E O VENTO

Só se entende a natureza quando a percorremos e dela fazemos parte integrante, dizia Henry Thoreau em Walden ou a Vida nos Bosques, a propósito da sensação de liberdade que um passeio ao ar livre, pelos bosques, pode trazer ao caminhante.  É delicioso quando o corpo é um só sentido e aspira deleite através de cada poro, (Thoreau, 1999: 149). Essa estranha liberdade cria afinidade com as folhas esvoaçantes, que cortam a respiração, sobretudo quando o vento sopra e ruge, levanta as folhas e faz alertas: uma espécie de sentinela da terra, previne o coelho para que fuja da raposa e alerta as crianças para a velocidade e a leveza, incentivando-as a correr atrás das folhas e a brincar com elas, no espaço. O espaço porque fundamental para o ser humano em geral, e em particular para as crianças, é um indicador do que se pode fazer. Quando não se tem bosque, não se viaja? Imagina-se?

 Maria José Araújo e Hugo Monteiro

Artigo disponivel aqui

 

Apresentação do livro : O Direito das Crianças à Cidade

 18 de Outubro 18h na FLUP

Sala de Reuniões 1

https://www.mundossociais.com/livro/o-direito-das-criancas-a-cidade/133

Descrição

Nesta obra, os investigadores e investigadoras do Projeto CRiCity — As crianças e o seu direito à cidade: combater a desigualdade urbana através do desenho participativo de cidades amigas das crianças (PTDC/SOC-SOC/30415/2017) apresentam alguns dos estudos realizados nas cidades (e áreas metropolitanas) de Lisboa e do Porto, com vista a analisar o direito das crianças à cidade a partir de múltiplas perspetivas (estudos da infância; estudos urbanos; políticas públicas; sustentabilidade e educação) e tendo como foco os espaços públicos urbanos, com particular relevo para os espaços verdes. Os textos aqui apresentados são o resultado dos trabalhos desenvolvidos num contexto pautado por grandes disrupções e incertezas, designadamente pela crise pandémica, que trouxe também novas questões e desafios à investigação social, gerando importantes transformações nos espaços públicos urbanos.
Pretende-se contribuir para a acumulação crítica de conhecimento científico nos estudos sobre crianças e os seus modos de relação com o espaço, pensando-as na sua singularidade (a infância), mas também no sistema de desigualdades sociais em que se inserem (classe, género, etnia, território)e que as pluralizam e, frequentemente, estigmatizam.
 

 

 

 

Sunday, April 9, 2023

APRESENTAÇÃO DE LIVRO

 13 de ABRIL 2023 - 18h

Auditório da Escola Superior de Educação do P. Porto

 
 
 
 
 
 
Acreditar na magia da brincadeira 
para preservar a natureza. 
Uma histótria com histórias
na   da aldeia  Arco Íris


Sunday, March 19, 2023

Nos Corredores da Escola

 

Os corredores. o jardim, a cantina, o bar, as escadas e os recantos onde nos encontramos e reencontramos para partilhar ideias são espaços de lazer no tempo livre ?

 

Os diferentes eventos e trocas culturais que acontecem num corredor de uma escola são espaços de lazer no tempo livre?


 
 
Quando no deambular pelos corredores nos encontramos com a arte e a música.

(...)
Os trabalhos que habitualmente estão expostos nos espaços comuns da escola são um forte apelo sensorial e convidam a múltiplas interações por parte de toda a comunidade escolar. Assumem um papel de mediadores para diálogos pessoais e interpessoais, abrindo-se à socialização dos conhecimentos adquiridos.
 
(...) O trabalho realizado, ao sair do seu espaço formal de sala de aula atinge, nos espaços comuns, a sua vocação comunicativa. É nesta literalidade do pôr em comum que se abre caminho a todos sentidos, a todas as interpretações. Os corredores, átrios, jardim são, agora, lugares de encontro e, porque não, de aprendizagem. Desta forma a partilha implica, entre o autor e o respetivo observador, a promessa de um sentido. (...)

 Silva, A. (2016) Nos corredores da escola in Estudar, Investigar e Intervir. Porto ESE


Lazer no tempo livre

O lazer no tempo livre é parte integrante de um ideal democrático que facilita o desenvolvimento pessoal e social de crianças e adultos. Baseia-se em práticas de sociabilidade geradoras de uma solidariedade e identidade grupal que assumem uma função de libertação ou evasão, em relação à pressão da rotinarização da vida quotidiana.

O lazer no tempo livre assume uma importante função de resistência, libertação, rutura e evasão em relação a uma crescente banalização e rotinarização da vida quotidiana.
 
Araújo, MJ; Monteiro, H & Lopes, JT " InfantiCidades"
 

 
 


VIVER ENTRE DOIS MUNDOS : Reflexões sobre tempo livre e envelhecimento em três tópicos

 O aumento da esperança de vida é, muitas vezes, verbalizado de uma forma negativa como um drama, uma complicação... Envelhecimento e declín...