O programa da Escola a Tempo Inteiro (ETI) e a organização, nas escolas públicas, das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), criou um novo espaço público de educação que está, constantemente, a ser reequacionado pelos diferentes atores políticos. Trata-se de um espaço pensado pelo Ministério da Educação mas “gerido e operacionalizado” pelas autarquias. As Associações de Pais e Encarregados de Educação assim como, as Instituições Particulares de Solidariedade Social podem, também, em parceria concorrer ao programa. O seu desenvolvimento criou alguns constrangimentos; em primeiro lugar às crianças que viram o seu “tempo livre” ser invadido por atividades em tudo semelhantes às que já tinham na escola(s) durante o tempo letivo (o seu tempo “não livre”) e, em segundo lugar, às escolas e aos professores, que percecionam este programa, com inquietação, como mais uma responsabilidade. Estas duas questões estão interligadas na medida em que quem propõe é o Ministério da Educação e quem contrata os/as profissionais (professores/as, animadores, etc), para as diferentes áreas lúdico-expressivas e implementa as atividades são, normalmente, as autarquias. É uma teia de relações intrincada e deixa de lado aspetos relacionados com a vida e a cultura das crianças, mas não só. Deixa em aberto a questão da profissionalidade dos professores/as de música, artes plásticas, drama, língua gestual portuguesa, desporto, entre outros. Trata-se de contratações que são, geralmente, realizadas em função de uma possibilidade laboral, para cumprir as vagas de um programa pré-estabelecido, que tem sido rotinizado criando muitos constrangimentos na vida de uns e outros.
i) Ocupação da componente letiva dos docentes em atividades de apoio ao estudo e supervisão das AEC; ii) valorização das áreas curriculares nucleares - português e matemática; iii) organização de atividades nas áreas de expressão e apoio ao estudo, no horário pós-letivo.